Nos ultimos dois anos consegui fotografar duas Harpias “livres” (Harpia harpyja), uma delas me deixou disparando em sua direção por 20 segundos, veja bem, achei elas em lugares onde ela esta correndo risco de extinção. a outra uma águia-cinzenta (Harpyhaliaetus coronatus) uma espécie ameaçada de extinção, por dias...observei e fotografei em um local, que a ultima foi vista em 1996, existe de 255 a menos de 1000 exemplares no mundo, por dois anos seguidos, surgiram no meu caminho... uma delas descrevo abaixo.
>>>foto abaixo: Águia cinzenta da estória abaixo sete dias depois do ocorrido.
A lógica: Fotografar aves de rapinas como as águias, gaviões e falcões voando livre, é um trabalho que requer um instinto de caçador, em um grau muitas vezes superior, as aves de rapina. A rapidez e a velocidade... devem se postar no mesmo patamar, sendo mais alertas que os humanos, são poucos que retornam com fotos de aves voando livres, ou empoleiradas, a maioria das fotografias foram realizadas em zoológicos ou em exibições de falcoaria “com aves adestradas”.
A experiência: Tantas caminhadas perdidas, obstáculos e dribles... dou o titulo do mais inteligentes animal da terra, a águia, sua esperteza, sua visão e sua audição e superior em muito aos humanos, fotografei os chamados animais "difíceis": bufalos, ursos negros, coyotes e os cavalos selvagens; eles me levaram a acreditar que o maior senso de sobrevivência e premonição dos atos humanos, uma aversão indescritível para com os homens, que parece esta estampado no DNA.
Os fatos e a imagem: Dia 23 de novembro de 2008:
>>>foto abaixo: viu como e facil achar uma rara Águia cinzenta... a esta distancia. o zoom... leva ao cinza, e não a "cinzenta", alias a foto é horrível definição e foco, causa distancia e o zoom, mais meus olhos a encontraram.
Do pé da serra 1365 m, avistei a rara Águia-cinzenta ( nas rochas a uns 500 metros de distancia e 113 acima do local que me encontrava. Uma raridade, como descrito anteriormente menos de mil no mundo, vale todo o esforço para fotografa-la, um passo falso mesmo a esta distancia, o menor ruído e aproximação calma e controlada, esta ave inteligentíssima, abandonaria seu puleiro natural nas rochas, no alto do Morro das Pedras, com asas poderosas, um vôo rápido por cima da mata, teria uns poucos segundos, tentar fotografa-la ou provavelmente nada a fazer.
>>>continua... a pouca definição na imagem, mas serve, para comprovar as palavras
Parece brincadeira as "distancias", quando estamos cercados de montanhas, os pequenos números são colossais.
Meu trajeto dentro da mata e do campo foi superior em muito aos 500 metros da localização inicial, cada passo foi bem arquitetado, com o peso do instinto e dos erros vividos. Subi a montanha na direção contraria a da aguia, escondendo na mata, contornando os trechos onde poderia ser escutado ou visto. Na mata fechada cada passo pode esconder surpresas... algumas bem desagradáveis. Mas o objetivo afugentava a preocupação. No ritmo da subida, levava comigo um silencio de fazer dó, um ruído e tudo estava perdido, meu coração sufocava o peito, o pulmão queria mais ar,como! Tinha que usar... todos os sentidos. foram uns bons 45 minutos sem perder ela de vista.
Surpresa... era um casal ou lua de mel ou talvez estavam reunidos para achar um local para um ninho ( mais raro ainda)
>>>foto: O macho (descobri ser o macho por comparação com outras imagens), empoleirado ele tomava conta da femea , do mundo e da divisa (brincadeira), não era "imponente" como a fêmea, nas rochas como uma "deusa", alias no mundo das águias, as fêmeas são bem maiores.
Agora tenho não mais um motivo.. mais um "casal" de motivos, asas... tudo que eu queria, era fotografar asas poderosas voando, em frente a minha lente, me deixando focar, compor e arquitetar a imagem.
Minha concentração era tanta que quando olhei ao redor, focando o chao a procura de cascaveis ou largatos, a frente, descobri flores.
Pela primeira vez em quatro anos, flores de uma canela-de-ema, dentro da minha propriedade, aguela aguia rara foi deixada ao esquecimento. Nunca tive a sorte ou o acaso, deste feito, ainda mais por ter sido neste local a ultima grande queimada. O Fogo sapecou tudo, estas Veloziáceas ( quer saber, no meu blog Imagens & algo Mais, tem informações e fotos) sobreviveram e floriram pela primeira vez ( bem em frente dos meus olhos), pela altura e dados relativos ao crescimento desta espécie, ela tem pelo menos uns 80 anos, suas vizinhas muito mais "idosas" quase me fizeram perder, os sentidos no ultimo ano, foram salvas por mim, Fabiano e mais três rapazes do IEF.
Imaginem neste momento meu grau de satisfação, fotografei ate uma de suas bainhas (caules) queimado, mais com um botão de flor brotando ( o primeiro na vida que fotografei), as flores desta da Vellozia squamata tem vida curtíssima, fica aberta apenas por um dia, ou dois, no máximo, fotografar a uma altitude de 1465 metros acima do nível do mar, e dentro da minha propriedade...um presente divino. Custou caro um casal de Aguias-cinzentas. Mas fui remunerado pela natureza,a primeira foto, sete dias apos o acontecido pagou por tudo.
Minhas fotografias, me fizeram escrever isto, são ainda fragmento... vão ser lapidados com o tempo. alias tudo tem que ser relido, por mais que acreditamos, não existir erros.
Quando a brisa molhada toca gentilmente uma flor selvagem...
O divino se manifesta, traçando no céu, estes riscos molhados,
caem como lagrimas celestiais, rasgando a paisagem, tocando a quase imortal "Rainha da Serra”.
Na raridade, uma flor nasce, brota de um corpo que lentamente envelhece.
Na sua passagem do tempo, o fogo atormenta sua vida.
Mas por pura dádiva da mãe “a natureza, ela nasce de novo.
Escolhe nascer, onde não há beleza orgânica, por sobre as pedras,
no alto de uma serra, onde o vento e o sol, não faz concorrentes,
a sua beleza de flor selvagem.
Aqui não floresce rosas e nem os lírios, aqui se vive da insuficiência,
das esmolas naturais dos elementos, do resto que a natureza devolve.
Na rusticidade da troca, a flor selvagem ganha a eterna liberdade,
de nascer ou renascer aonde quiser. (ronald peret)
Se não conseguirem visualizar os riscos molhados, na foto da flor de canela-de-ema, e deseje visualizar ou ver a imagem ampliada click aqui link do meu Flickr
Fotos e o texto: Ronald Peret