3 de março de 2009

dançando com o meu "doce abandono"

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Adoro "o meu abandono voluntário", fazendo minhas escolhas e aprendendo com a vida. A vida me fez criar uma força descomunal para dar a volta por cima nas piores situações, mas isso devo à minha base famíliar (minha mãe) que sempre me educou na hora certa, e ao mundo que tratou de esculpir o homem que sou.
Posso dizer que opção de vida "sozinho" me trouxe uma maturidade sem tamanho e que às vezes fica até difícil dividi-la com as pessoas, pois sempre acabo sendo "o diferente", e pessoas sem essa experiência acabam por não me compreender às vezes. Hoje tenho a capacidade de me relacionar com todos os segmentos da sociedade, todos os tipos de pessoas, todas as classes sociais de igual para igual e isso me faz muito bem. É muito bom existir na comunidade! Muito Bom existir no "abandono"!

Estar "só" é um vazio fundamental? O vazio é o lugar do silêncio. No vazio, somos livres, entramos em uma dimensão única, onde tudo é possível, não existe nem passado, nem futuro, apenas o presente. Nós somos os donos da chave que abre e fecha, as emoções, as razões e os caminhos... encontramos neste "doce" abandono, não a loucura, nem o silêncio dos cemitérios, nem sentimos a vontade de gritar, para não sermos tachados de "loucos" sem as devidas razões ou até para não desfazer a nosso voluntário abandono. O doce abandono, esta em encontrar a dose exata entre o que controlamos e o que provocamos, o que suportamos e o que queremos.

O silencio no "doce abandono' não esmaga, não maltrata e não devora.

Ao pesquisar o significado da palavra abandono, deparamos com uma diversidade de representações, às vezes desconexas, contraditórias e incompletas.

Abandono pode ser a ação de deixar uma coisa, uma pessoa, uma função, um lugar. Podemos abandonar a família, abandonar o posto, abandonar o lar. Às vezes, abandonar é esquecer, renunciar. Psicologicamente, o abandono é uma neurose, a qual se caracteriza por uma grande insegurança, intolerância e agressividade. No caso desta postagem: abandonar a si mesmo , antes de qualquer coisa o "abandono" é uma condição "eu me abandono". Neste "eu me abandono" nada tem a ver com, estar ou ser abandonado, com fatores psicológicos, sem cuidados, sem auxílio ou sem proteção. Abandonado é o que foge às regras, que está fora de uma "normalidade", não se aplica regras ao caos.

O Mistério do "doce abandono", esta em não precisar ter que dizer, o que fizemos; amamos a possibilidade de não dizer o que criamos e como sobrevivemos a condição do abandono.

Ronald Peret - 3/3/09 -12:33:32.
Foto e arte: Ronald Peret © 2009 - Rachel "Piruetas em Mesa Verde" - Colorado - 1992